domingo, 1 de dezembro de 2013

Novo amor, velhos dilemas. O momento de contar que sou soropositivo

Estou apaixonado. Perdidamente apaixonado, eu diria. Ele apareceu na minha vida por intermédio de amigos comuns há cerca de 2 meses. Desde o primeiro encontro demonstrei interesse por ele e ele por mim. Porém contingência da vida levaram que nossos contatos ficassem esparsos ao longo do tempo. Felizmente, há uma semana fiz novo contato com ele e, nesse fim de semana que acabou de terminar, nos vimos na sexta, no sábado e no domingo.
Tudo que havia ficado faltando nos outros encontros (meramente sociais) aconteceu nesse fim de semana. Intimidade física, emocional etc. Muita troca de carinho, de carícia, contação de história de vida, de onde viemos, nossas famílias etc. Ao final de cada dia sempre rolava aquela frase: Então amanhã nos vemos a tal hora… Hoje não foi diferente e ele despediu-se já avisando (quase se desculpando) que 2a a noite teria um jantar de trabalho e por isso não poderia me ver. Ele reúne uma série, ou praticamente todas as características que eu esperava encontrar em um namorado. Quero estar com ele todos os dias da minha vida e já fiz planos para daqui a muitos anos. Nesse momento, é que me deparo com a questão: Em que momento devo contar-lhe que sou soropositivo? E em seguida, será que ele vai querer continuar comigo depois de souber disso? 
Confesso que nesse final de semana estive a um triz de contar-lhe, mas pensei duas coisas:
1) too much information para um fim de semana só
2) como tenho medo de perdê-lo após contar, quero aproveitar mais um tempinho antes que isso aconteça. (essa talvez seja a razão principal que me levou a não contar-lhe)

E agora estou diante do seguinte cenário:
dentro de 2 semanas ambos sairemos de férias e só voltaremos a nos ver no início de 2014.
Se eu deixar para contar-lhe minha condição de soropositivo apenas nesse dia e ele decidir terminar nosso relacionamento poderei dizer que tive um namorado por um mês.
Se eu contar antes da viagem e ele terminar comigo não poderei nem dizer que namorei pois terá durado no máximo 2 semanas. Sei que esse argumento é infantil, para dizer o mínimo, mas o fato é que me apeguei a ele e não quero perdê-lo. Um lado meu está disposto a tudo, inclusive mentir, para conseguir ficar com ele. O lado racional e adulto me diz que eu preciso ser transparente e que quanto antes eu contar, mais cedo saberei se ele está disposto a continuar comigo a despeito dessa condição e aí sim poderemos continuar o processo de nos conhecermos. Sei também que a soropositividade não é única questão que pode levar o nosso relacionamento a terminar. Mas nesse momento ela aparece para mim como sendo a principal. Um pequeno sentimento de culpa já começa a se instalar porque nos contatos que tivemos ele fez sexo oral em mim sem camisinha (assim como eu fiz nele) e embora eu não tenha ejaculado na boca dele, os protocolos de sexo seguro dizem que esse tipo de interação oferece risco (o mais baixo deles) de contaminação. Embora minha condição de soropositivo medicado com carga viral zerada me torne uma pessoa praticamente inofensiva eu ainda fico me sentindo um pouco mal. E, por outro lado, não consigo pedir a ele para que não faça o sexo oral em mim e muito menos pedir-lhe que o faça usando preservativo porque seria quase a mesma coisa de contar. Meu medo nessa situação é que ele, ao saber que sou HIV+, se sinta traído por eu não tê-lo avisado e ter permitido que ele tivesse contato potencialmente perigoso comigo. Sei, por outro lado, que a obrigação de se cuidar é individual. E que, para todos os efeitos, eu sou um desconhecido e que a prática de sexo oral só é 100% segura se feita com preservativo ou depois de checadas informações sobre a soropositividade do parceiro aliado a um acordo de exclusividade. Nenhum desses cuidados foi tomado por ele. E nem sei quantas pessoas ele já pode ter chupado sem sequer se preocupar com isso. Enfim…
Dentro de alguns dias tenho terapia e vou tentar elaborar melhor meus próximos passos nessa história.
Minha tendência, racionalmente falando, é contar logo para não ficar gerando ilusões. Se tiver que me decepcionar, que seja logo. E caso isso aconteça, será a 3a experiência de término de relacionamento por causa do HIV, acho que partirei para busca de um novo parceiro que não seja sorodiscordante.

Amar é bom
Ser amado é melhor ainda
O medo de perder o amor é assombroso
E me faz ficar medroso.

Se você está lendo este post e tem uma opinião a respeito por favor mande um comentário ou mensagem.