domingo, 30 de março de 2014

Aparência de soropositivo

Estava me lembrando de alguns fatos curiosos: Meu atual namorado comentou comigo que desde que me conheceu suspeitou que eu fosse soropositivo pelo fato de ser bem magro. Ocorre que eu sempre fui magrelinho, desde criancinha.
Uma vez, há anos atrás, um cara com quem eu estava me perguntou se eu era HIV+. Eu fiquei desconcertado e neguei. Então ele disse que eu não precisava mentir, porque ele havia percebido pelo cheiro (!!??) Disse que sabia que a medicação nos deixava com um certo odor e que ele o havia reconhecido. O detalhe é que nessa época eu ainda não tomava remédio nenhum! O que eu havia feito de diferente é usar um sabonete da natura para peles acneicas que tinha um cheiro muito forte. Falei isso pra ele, mas não adiantou. Ele pôs na cabeça que eu era soropositivo (essa parte era verdade) e que o havia descoberto pelo cheiro que a medicação deixava (essa parte é falsa).
Essa semana, na academia, estava conversando com meu instrutor e contando pra ele que em virtude de um problema intestinal eu havia perdido 5kg (o que faz miuta falta para alguém que é magro como eu) e ele comentou: "Pois é, logo vi que alguma coisa tinha acontecido. Essas coisas são terríveis mesmo. Lembro de um amigo meu que também teve infecção e perdeu 12kg. Quando encontrei com ele achei que ele estava aidético".
Daí, me vi na seguinte reflexão: Algumas pessoas (maioria?) parecem ter um estereótipo do aidético magrinho à beira da morte. E mais ainda, não sabem a diferença entre soropositivo e pessoa com aids. Fico pensando se mais campanhas informativas não poderiam ajudar a reduzir essa imagem deturpada. E mais ainda, se isso seria benéfico para pessoas que, como eu, tem o vírus  mas gozam de excelente saúde por se cuidarem de forma adequada. Chego a pensar que atualmente eu sou até mais seguro do que alguém que vive por aí na "pegação" e nunca faz o teste para saber se é positivo ou não. Eu, pelo menos, sei que sou, tomo remédios e com isso mantenho a carga viral zerada sendo praticamente inofensivo, mesmo se houver um acidente.

sábado, 29 de março de 2014

Uso de Mirtazapina para Ansiedade e depressão

Sempre fui uma pessoa ansiosa. E sempre tive tendência a ter momentos depressivos. Em termos de patologia nem sempre é simples definir quem gerou o que, mas muitos estudos tendem a mostrar que a ansiedade pode ser um dos sintomas associados a uma depressão maior.
No meu caso, tive uma série de estressores concentrados num período de tempo que me levaram a apresentar uma série de sinais preocupantes:
- insônia crônica: acordava por volta de 3h30-4h da manhã e não conseguia mais dormir;
- dificuldade extrema de concentração: impossível ficar muito tempo fazendo qualquer coisa. Os estudos estavam indo por água abaixo, o trabalho ficando mal feito;
- pessimismo em relação a tudo: sempre vendo o copo meio vazio - no trabalho, no relacionamento, nos estudos, na saúde etc;
- irritabilidade fácil com as pessoas: qualquer coisa que me desagradasse já era motivo para que me irritasse com a pessoa que o causou, ou se não explodisse, ficava com um sentimento muito desagradável dentro de mim;
- sensação de angústia: era como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer.
- tristeza: sensação de descontentamento generalizado com a vida
- perda de apetite e de peso: tinha dificuldade em me alimentar e com isso estava perdendo muito peso
Decidi então procurar um psiquiatra, que me receitou Mirtazapina 30mg para tomar a noite. Os efeitos colaterais esperados eram sono e aumento do apetite. Ambos muito desejados já que estava emagrecendo e dormindo muito mal.
Consultei meu infectologista sobre as interações medicamentosas da Mirtazapina com os remédios do meu coquetel (uso Nevirapina + Tenofovir + Lamivudina) e ele me disse que a Nevirapina pode reduzir a eficácia da Mirtazapina mas que no sentido contrário não haveria problemas. Resolvi fazer um teste terapêutico e inicei o uso da mirtazapina.
A recomendação clínica foi tomar 15mg nos 10 primeiros dias, para adaptação, e só depois passar para a dose de 30mg, sempre ao deitar.
Nos 2 primeiros dias tomei meio comprimido (15mg) e dormi a noite toda, porém acordei muito sonolento no dia seguinte e passei o dia todo meio anestesiado. Falei com o psiquiatra que me disse que era normal e que a tendência é que me corpo fosse se acostumando à droga nos dias seguintes. Caso isso não acontecesse deveríamos substituí-la. Persisti com a dose de 15mg e, de fato, as coisas foram se normalizando. No quinto dia já não sentia efeito nenhum durante o dia. O remédio me mantinha dormindo a noite toda, mas ao despertar eu conseguia levar uma vida normal. Senti também que estava um pouco mais bem humorado e menos exigente em relação aos outros.
No 9o dia resolvi passar para a dose de 30mg e o efeito permaneceu o mesmo. Dormia a noite toda, e ao despertar conseguia levar uma vida normal.
Hoje deve estou no 11o dia de tratamento e sinto que tem me feito bem.
Por outro lado, há coisas que ainda me tiram do sério e hoje vivi uma situação estressora no relacionamento que quase me fez perder o controle. Por sorte eu tinha planejado uma atividade física que foi a minha salvação. Ao me exercitar fisicamente consegui dar vazão àquela tensão acumulada no meu corpo por causa da situação no relacionamento e pude vivenciar de forma saudável um aumento de batimentos cardíacos, tensão muscular e todos os outros sinais associados ao estresse. Voltei mais leve e mais tranquilo em relação à situação.
Agora olhando com um pouco de recuo vejo que temos sim um ponto de discórdia que talvez mereça ser discutido mas não da forma como eu pretendia fazê-lo e talvez não nesse momento. Acho que a situação precisa de um pouco mais de observação para só depois ser tratada de forma madura e clara.

domingo, 16 de março de 2014

sexo oral em casais sorodiscordantes

estou em um relacionamento sorodiscordante e meu parceiro gosta de fazer sexo oral em mim. Ocorre que ele não deixa eu ejacular na boca dele. No início eu ficava meio constrangido com essa história mas depois entendi que é uma medida prudente. Conversei com meu infectologista que me disse que embora minha condição seja bastante saudável (tomo medicação e estou com a carga zerada há mais de um ano) fazendo com que o risco de contaminação por meio do sexo oral tenda a zero, ainda assim é recomendado não ejacular na boca do parceiro :-(
adotamos as camisinhas com sabor para aqueles momentos em que eu faço questão de chegar ao gozo com meu membro na boca dele. Nos outros momentos, eu o aviso da hora que estou para ejacular e deixo a ele a decisão de retirar e deixar que eu goze apenas próximo à sua boca.
Espero que um dia possa ser 100% seguro fazer sexo oral sem camisinha até o final pois é muito gostoso.