Recentemente conheci um cara bem interessante. Graças a tecnologia conversamos e vimos algumas fotos um do outro antes do primeiro encontro que não demorou muito para acontecer.
Nos vimos pessoalmente num final de semana, na hora do almoço. Ele avisou que não teria muito tempo livre mas que serviria ao menos para nos conhecermos. Ocorre que o almoço emendou com a sobremesa num café próximo a onde estávamos e depois viemos para minha casa. A química estava boa e terminamos o encontro na cama com uma boa transa.
Ocorre que, por infortúnio, a camisinha rompeu enquanto eu o penetrava e eu acabei ejaculando dentro dele. Só percebemos isso ao final do ato. Ele tomou seu banho e voltou ao quarto um tanto quanto perturbado com o fato. Perguntei-lhe se estava tudo bem e ele disse que não. Disse que isso nunca o tinha acontecido e que ele estava preocupado. Dado o contexto, resolvi contar e comecei dizendo que preocupações são justificáveis quando não se tem certeza das coisas mas que naquela situação não havia motivo para elas pois eu poderia dar-lhe um grau de certeza bastante elevado. Nesse momento contei que era soropositivo há alguns anos e que estava com minha carga viral zerada graças ao uso de medicação e que isso significava um baixíssimo risco de infecção. Ainda asism, a recomendação era procurar um centro de saúde e eu poderia auxiliá-lo no procedimento. Fiz uma pausa após dizer que ainda teria muitas coisas para falar mas que não sabia se ele as queria ouvir. Ele pediu que eu continuasse. Prossegui acrescentando alguns detalhes sobre o funcionamento da infecção pelo HIV e sobre a ação dos medicamentos antirretrovirais. Expliquei também o que o protocolo de profilaxia pós-exposição recomenda em caso de contato com sangue ou sêmen de pessoa sabidamente soropositiva - ele necessitaria tomar medicação similar à minha por 30 dias, iniciando o mais breve possível, e isso reduziria a praticamente zero o risco de infecção. Instrui-o a procurar qualquer hospital público com serviço de emergência pois era final de semana e sugeri alguns postos de saúde par ao acompanhamento durante a semana. Ofereci-me para acompanhá-lo mas ele recusou. Pedi-lhe que me desse notícias e ele foi embora. Algumas horas depois recebi a notícia que ele havia sido atendido e tomado a primeira dose da medicação No dia seguinte ainda pela manhã ele me liga dizendo que estava com a médica infectologista num posto de saúde e que ela queria falar comigo. Ela me fez algumas perguntas sobre minhas taxas de carga viral e CD4. Perguntou também quem me acompanhava e de que medicação eu fazia uso. Depois desse dia tentei contato com ele para saber como ele estava durante quase um mês mas ele não respondia às minhas mensagens e nem atendia minhas ligações. Confesso que fiquei um pouco triste mas tive que respeitar a sua posição. No final de semana passado, cerca d 40 dias depois do fato, eu o vi na rua e quis cumprimentá-lo mas preferi não fazê-lo pois receava uma reação ruim da sua parte. Uns dias depois recebo uma mensagem dele informando que havia feito o segundo exame de sangue e que continuava negativado. Falou também que passada a tensão inicial ele reconhecia minha coerência e honestidade, que foram necessárias. Pediu que eu continuasse assim e me desejou boa sorte. Essa mensagem me trouxe ao mesmo tempo alento e tristeza. Alento pois fiquei feliz ao saber que ele não guardava mágoa ou ressentimento de mim. Tristeza pois o "boa sorte e fique bem" soaram como uma mensagem de não vamos mais nos ver. Ao respondê-lo quase questionei se poderíamos ser amigos, nos ver de novo, ou falar que havia gostado de conhecê-lo mas preferi me conter. Disse-lhe que ficava feliz com a notícia e com o reconhecimento. Desejei-lhe uma boa continuação também. Essa história embora tenha tido um final feliz me fez pensar novamente sobre a questão de como será para mim conseguir um relacionamento. Será que terei de procurar outro soropositivo para evitar esse tipo de questão? (a pessoa decidir não mais me encontrar por causa do vírus). Confesso que não sei a resposta mas é algo que me incomoda.
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